365 dias sem ti

" O amor não se procura, encontra-se. Não se ensina aprende-se."

sábado, 23 de novembro de 2013

Por vezes não temos consciência da sorte que temos, eu própria nem sempre me lembro disso, as vezes até me esqueço da falta de sorte que se apoderou a minha vida.
Recuando quatro anos atrás, lembro-me de ter tudo, tinha duas irmãs pequenas que sempre foram o meu maior desejo, tinha avós formidáveis, tinha um amor que pensava que nunca me iria deixar, tinha uns pais que nunca desistiram de mim, tinha tudo.
Hoje não tenho uns avós formidáveis, o meu grande amor deixou-me, as minhas irmãs cresceram e os meus pais continuam aqui a amparar-me todas as quedas.
Mas olhando para trás nunca pensei que esta bola de neve caísse na minha vida, neste curto espaço de tempo perdi os meus avós, as pessoas que eu sei que dariam a vida por mim, na minha ingenuidade nunca pensei que isso fosse acontecer, pensei que iria acabar o curso na universidade, casar e ser mãe sempre com a  minha avó na linha da frente.
A morte da minha avó marcou-me e há-de sempre deixar sequelas em mim.
Durante muito tempo sempre fui filha única, neta única, sobrinha única e nunca ninguém me preparou para o pior, nunca ninguém me disse que um dia eu iria ter alguém a chamar-me "mamã" em vez de mana, ninguém me ensinou a educar as minhas irmãs, mas eu fi-lo e continuarei a fazer, são elas que me alegram os dias, que fazem com que eu acorde todos os dias e sorria sempre.
Sorrir não tem sido tarefa difícil, passaram sensivelmente dois meses mas na minha cabeça parece que foi ontem que eu perdi a minha segunda mãe, a mulher que fez de mim o que sou hoje, as vezes penso que isto não passa de um pesadelo e eu vou acordar e vai estar tudo bem. Ninguém me disse que eu conviver com a doença, que tenha que traçar planos de batalhas, tive que crescer demasiado depressa.  Sei que não sou vitima nenhuma nem que sou  a primeira pessoa a passar por isto, mas ver alguém a morrer a nossa frente e não poder fazer nada é o pior, nunca me tinha sentido tão impotente na minha vida, tentei de tudo, mas não há nada que atrase a morte, é um processo difícil, é um luto interior é uma dor que não para é sem duvida  o pior da vida.
Confesso que há dias em que só quero ficar na cama e chorar, mas há sempre algo que me impede, tenho duas irmãs que precisam de mim, uns pais excelentes que precisam que eu aguente firme.
E é assim que vivo e vivemos todos cá em casa, uns dias melhores outros dias piores,  por vezes ainda choro muito mas depois lembro-me que todos esperam que eu seja forte que eu aguente firme e que seja a primeira a sorrir e a dizer que está tudo bem.
Um passo de cada vez, pequenas vitorias é o lema.
A ti minha grande melhor que acredito que me estejas a ver, que nos estejas a ver , espero que tenhamos muito orgulho em nós e espero que aches que estamos a fazer um bom trabalho, prometo não ficar triste porque sei que não era isso que querias, prometo que quando chegar a Primavera vou ter o jardim cheio de flores tal como tu gostavas, prometo aguentar firme e ser o pilar cá de casa, prometo não fracassar e prometo ser a rapariga cheia de alegria que sempre fui.

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