Se quiseres, se ainda te importares, eu digo-te.
Não deixei te amar, não deixei de me importar, apenas deixar de lutar, chegou um dia em que a vontade foi mais forte que o sentimento e eu deixei de lutar, deixar tudo isto é um processo lento, sobretudo porque não queremos deixar de lutar.
Deixei de lutar por algo que  não valia a pena, chegamos a um ponto em que já não tínhamos nada para dizer um ao outro.
Não te culpo a ti nem a mim, não culpo ninguém, apenas aconteceu.
Um dia destes ia acontecer, mas sabes bem que aqueles dias nunca mais foram passados em branco, era rara a vez que eu não escrevesse para ti, não por ti, mas por mim, para me lembrar que um dia me amaste que eu não estive durante todos aqueles tempos, e as sextas, o nosso grande dia, também nunca mais foi o mesmo, esperei sempre por ti, esperei até não poder mais, ficava exausta de esperar tanto e na manhã seguinte tinha esperanças, que enquanto eu dormia tu te tivesses lembrado de mim, mas as esperanças acabavam mal via que isso não tinha acontecido.
Ainda há dias, perguntas-te o porquê do meu afastamento, e eu disse-te que precisava de tempo para mim, que tinha deixado de lutar e tu não compreendeste como sempre.
A partir de agora para as coisas resultarem, para não nos deixarmos de falar, para eu não deixar de mudar de direção quando te vejo, nem que quando te veja o meu coração bata a mil e que me arrepie o corpo todo, vamos esquecer o passado, vamos viver o presente.

Escreve-me, escrever é como beijar com a mente, escreve-me só para saber que ainda estas ai, do outro lado, que não te esqueceste de mim, nem de nada, escreve-me só para confortares o coração, escreve tudo o que vai aí dentro porque sei que é muito.
Sei o que te vai na alma, é mais do que podes aguentar, não tens obrigação de aguentar tudo, ninguém te obriga a isso, não precisas de ser forte e mostrar-te sempre confiante, podes fraquejar, até mais que uma vez, podes chorar e rir ao mesmo tempo, podes fazer o que quiseres és tu que mandas em ti próprio.
Podes fugir dos problemas, uma, duas, três, as vezes que quiseres mas fugir não adianta vais ter que os enfrentar, vais ter que falar sobre eles, os problemas nunca vão desaparecer assim de um dia para o outro, vais ter que conviver com eles, dia-a.dia.
Ocupas-te demasiado, não tens tempo para ti próprio, mas a culpa é tua, tu és dono do teu tempo, és dono de tudo em ti.
És dono daqueles que levas no coração, daqueles a quem tu marcas a vida, daqueles que um dia te idolatraram, dos que te amam, és dono de todos esses e mesmo assim não te contentas.
Queixas-te e queixas-te e voltas a queixar-te, não te preocupes que não és o único com problemas, todos sofrem disso, mas um dia vai  passar.
Um dia vais perceber que há problemas bem maiores que os teus, e vais perceber que fizeste demasiados dramas para coisas simples, mas estas a viver a tua vida, fazes tudo como quiseres, é a tua vida ninguém tem direito de dizer como fazer isto e aquilo.
És tu a viver a tua vida, da maneira que queres, da melhor maneira que podes.

Quando se quer há sempre tempo para tudo, quando a vontade é maior que os obstáculos, quando o sentimento é mais forte que tudo, arranjamos sempre uma maneira, mesmo que deixemos algo para trás.

#4

Madalena afastou Henrique, disse-lhe que se fosse embora e que nunca mais voltasse.
Passaram-se meses e Madalena nunca deixou de pensar em Henrique, escreveu-lhe uma carta.
Tive sempre saudades tuas, mesmo quando queria que saísses da minha vida tive saudades tuas, não houve um único dia que não pensasse em ti, foste o homem da minha vida, fizeste uma escolha e eu compreendi, mas agora voltaste e puseste a minha vida de pernas para o ar, já estava tudo a encaminhar-se, eu estava disposta a continuar sem ti e estava a conseguir e tu apareceste. Diz-me, o que queres que eu faça? Não consigo mais sem ti a meu lado mas também tenho medo que me voltes a magoar, como já o fizeste.
Diz-me porque voltaste? Já pensei em tudo e repensei e não encontrei qualquer resposta.
Se me prometeres ficar e nunca mais voltares a partir eu deixo-te voltar a entrar na minha vida, mas agora é contigo.

Durante todo este tempo tentei compreender-te, mas agora chegou a um ponto que não há compreensão possível, por muito paciente que seja esgotou-se a paciência.
Agora não, talvez daqui a uns tempos.

Já nem sei se fique desiludida ou se simplesmente ache toda esta situação normal, voltaste a fazer o que sempre fazes, chegas e arrasas, partes e deixas tudo arruinado e não pode ser assim, mas a culpa disto é minha de ainda te dar ouvidos.
Estou farta de prometer que aquela foi a ultima vez e na realidade nunca é sempre a ultima vez, preciso mesmo de me afastar.