365 dias sem ti

" O amor não se procura, encontra-se. Não se ensina aprende-se."

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Tudo nesta casa me sufoca, não sei se é pelo facto de tu estares num sitio que não é melhor, se é por não saber o que vai acontecer,  sinceramente não sei o que está para vir,  e não sei se estou preparada.
O medo, a dor, tem sido os meus mártires, ontem custou-me prender as lagrimas, porque ontem eu sabia que podia ser o ultimo, e se realmente foi o ultimo, desculpa por não te ter dito que tens sido a melhor, que aguentaste tudo e todos e que lutas todos os dias, que és uma mulher de garra e que eu tenho tanto mas tanto orgulho em ti, desculpa não te ter abraçado, desculpa por ser fraca, desculpa por tudo.
Mas eu sinto-me tão pequenina quando tenho que lidar com isto tudo, tudo isto é um grande pesadelo do qual eu queria acordar, mas na realidade não é pesadelo nenhum, é bem real e eu tenho que lidar com isto, por mais que me custe.
Não era esta a lembrança que eu queria ter de ti, não era assim que eu te queria ver, eu queria ver-te sempre como sempre vi, contente e forte, eu queria que fosses sempre a pessoa que me ia buscar a escola e me abraçava quando tinha medo, oh avó queria tanto que o cancro não te levasse a vida.
Ontem quando te despediste, disseste-me adeus tantas vezes, parecia que adivinhavas que hoje não te conseguias levantar da cama sozinha e que hoje ias de novo para o hospital, acredito que saibas disto tudo, e acredito que custe muito.
A verdade é que eu tenho medo, tanto medo, medo de não saber lidar com isto, medo de não conseguir proteger as minhas irmãs,só queria voltar a ser pequenina e aninhar-me nos teus braços.
Só um milagre te podia salvar e sei bem que milagres não acontecem.
Prometo que vou estar aqui, até ao ultimo sopro, ao ultimo bater do teu coração, se quiseres partir está tudo bem, nós aguentamos, não te preocupes avó, nós vamos ficar todos bem.
Não tenhas medo, acredita que vais para um mundo melhor.
Prometo que vou ficar bem, que vai ficar tudo bem.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O grande problema foi eu ter-te dado tudo, o amor que nunca mereceste, o conforto que nunca te devia ter dado, a segurança, a confiança, o problema foi mesmo esse ter-te dado tudo sem tu mereceres, porque na realidade nunca mereceste nem metade do meu amor, mas também a culpa foi minha.
Eu dei-te asas e tu voaste, não me posso culpar por isso, contigo aprendi que nós estamos sempre em primeiro lugar, que eu estou em primeiro e depois tudo resto.
Mas agora apercebo-me que na realidade nunca quis que voltasses, porque o teu amor já não era o mesmo, e já não era o teu amor que me fazia sentir amada, habituei-me a ter-te por perto, a ter alguém ali a olhar por mim, e era isso que eu queria, porque sempre que voltas eu não me sentia cem por cento feliz, porque já não eras a pessoa por quem me tinha apaixonado, e eu já não era a pessoa que era, e nós não nos conheciamos como pensavamos conhecer, eramos apenas dois estranhos com uma história em comum.
Foste o meu primeiro grande amor e acredito que isto não se esquece assim, mas não posso deixar que continues a entrar na minha vida assim sem convite, é verdade que gosto quando estas por perto, mas só gosto naquele momento, se ficares mais que uns dias a realidade vem ao de cima, e a realidade é que não te quero aqui comigo, tu não mudaste e  não és aquilo que eu pensei que fosses, tens todo esse manto que não deixa transparecer aquilo que tu realmente és, e eu não gosto desse teu novo ser, mas os meus gostos agora não interessam.
Deixei-te fugir da minha vida e é assim que quero que continues, por muito que custe, por muito que doa a quem doer é assim que tem que ser.
Dei-te demasiado e o que recebi em troca nem foi metade do que tu levaste de mim, e não é justo, mas a vida nem sempre é justa, tentei sempre seguir em frente mas os fantasmas do passado não me deixavam, talvez seja eu, o problema seja mesmo eu, ou talvez tenha que ser mesmo assim, tenha que recomeçar tudo de novo e depois tu apareces e volta tudo ao zero.
Neste momento não sei para onde quero voar, não sei onde quero ficar, só sei que não te quero aqui, quero conseguir construir um castelo sozinha, sem a tua ajuda, quero ser eu a empilhar pedra a pedra, sozinha.