Quando  oiço os teus passos, sei que te aproximas, o coração acelera, quanto mais perto estás, mais o coração bate, e eu sei que quando chegares que me vais deixar fora de mim, que me vais fazer cair no teus braços, encostar a tua cabeça a minha, desceres os teus lábios pelo meu rosto  e que por fim me vais beijar e nesse momento tudo o resto deixa de importar, somos apenas nós, só isso interessa, depois desse momento mil e uma coisas vão passar na minha cabeça, e eu quero afastar-te de mim, quero mandar-te para longe, dizer-te que não é aquilo que eu quero, que não é o correto, mas não consigo, e durante todos estes pensamentos tu continuas ali, a olhar para mim com esses olhos que transmitem ternura a passares-me a mão pelos cabelos e a dizeres que tinhas saudades minhas.
Queria ser forte, dizer-te que não, que acabou, que não podemos continuar assim, que vai acabar por matar o que resta de nós, estou farta disto tudo.

Quando voltaste, eu sabia que me ias voltar a desiludir, mas mesmo assim eu continuei, deixei-me levar e agora cá estou eu, desiludida, de coração partido, a culpa é apenas minha.
Prometi deixar-te, encerrar este grande capitulo, e eu tentei, mas tudo isto é mais forte que eu.
O que mais me custa é saber que tu só voltas para os meus braços quando bates no fundo do poço, quando já não te consegues levantar sozinho e a luz parece-te cada vez mais longe, e sei que voltas porque és orgulhoso e não queres que mais ninguém te veja nesse estado, não queres mostrar as tuas fraquezas, os teus medos, tudo o que te leva para o fundo.
Queria conseguir fechar a porta, deixar-te, não te ouvir quando bates no fundo, não consigo.
Há-de ser sempre este o meu maior problema, não conseguir deixar as pessoas nos momentos difíceis.
Este foi o meu maior erro, ter-me deixado levar, agora foste embora e deixaste um rasto de destruição.

Esperei sempre por ti, por este dia, pelo dia que voltavas, e esse dia chegou, hoje, passados dois anos.
Agora que aqui estas não sei se consigo voltar a aceitar-te na minha vida, tudo o que eu mais queria era que voltasses e agora que voltaste não sei o que fazer, estar frente a frente contigo, sentir-te junto a mim, são demasiadas sensações, ouvir-te chamar-me princesa deixa-me confusa, são demasiados sentimentos para assimilar.
O que mais me faz confusão é voltares passados dois anos, precisamente neste dia, não estava a espera, não estava mesmo.
Nunca pensei que passados dois anos eu continuava a escrever para ti, aqui estou eu.
Preciso de pensar em ti, em mim e em nós.

Hoje o céu tingiu-se de negro, as nuvens ficaram escuras, o sol escondeu-se e eu senti, senti um aperto, senti que algo não estava bem, só podias ser tu.
Perdemos uma batalha, o chão desabou, o fim está perto, por mais que o tentemos evitar, ele está a aproximar-se.
Não sei se tenho mais forças para lutar, já não aguento muito mais, estes últimos meses deixaram-me de rastos, preciso de ir para bem longe, recarregar as baterias e voltar para  lutar por ti, não há tempo, o tempo escasseia por entre os dedos, passa tão rápido que nem damos por ele.
Tenho medo de te perder, tanto medo, o medo consome-me por dentro, só quero chorar e gritar ao mundo, sinto-me tão pequenina perante tudo isto, és tu que estas a sofrer, mas eu sinto-me tão mal por não conseguir fazer nada por ti.
Estou aqui a torcer por ti, as melhoras!

Nunca tive coragem para desabafar com alguém o que sentia, o que se passava dentro destas quatro paredes, o que me atormentava dia e noite, o que não me deixava dormir de noite.
Admiro a minha capacidade de não demonstrar aquilo que estou a sentir, neste momento perdi essa capacidade, não consigo esconder mais a angustia que vai cá dentro, o primeiro passo foi chorar em frente a minha mãe, algo que eu simplesmente não conseguia fazer, mas no dia em que a tempestade atingiu o pico não consegui segurar as lágrimas, deitei tudo cá para fora e senti-me bem, embora que ela não me compreenda, não perceba o porquê de eu ficar naquele estado, de que outra maneira poderia eu reagir ao ver a pessoa que mais amo a perder as forças nos meus braços, não havia outra maneira de reagir.
Peço-te por tudo que me compreendas, preciso de ti do meu lado.